imagem de autor desconhecido
Se for pra sermos naturais, e houver liberdade pra isso, tudo bem. Mas se for pra nos encontrarmos e ficarmos todos juntos como estranhos, prefiro ficar sozinho. Me encontro mais naquele que me aceita. No que ouve a minha mensagem. No que dialoga comigo. No que olha nos meus olhos. No que não evita o olhar, mas também não olha demais. Naquele que apenas olha. Naquele que não está cheio de preconceitos, e atribuindo tantos julgamentos.
Se eu julgo, imagine o quanto sou julgado. O problema não é o julgamento, mas o veredicto. E antes, a quem serve o juiz. Se todo juiz servisse à justiça... Mas geralmente servimos a nós mesmos. A nós mesmos e os nossos. Como já foi dito: que mérito há em amar os que nos amam?
Essas pessoas que se agrupam, e se agarram às outras a todo custo, e não conseguem viver sozinhas, é que não amam a si mesmas. E buscam os outros para não sofrer na solidão. Mas mesmo assim sofrem. E sofrem mais do que se não buscassem. Pois buscam os outros para evitar o inevitável. E, como era de ser, não evitam.
É tão difícil amar a si mesmo. E evita-se isso ao máximo, quando ao invés de exercer essa vontade primordial em si, decide-se projetá-la no outro. E então busca-se no outro o que não é encontrado em si mesmo. E quanto mais se busca, menos se tem. Porque está a buscar no lugar errado: no outro.
Mas se, no lugar de buscar no outro, simplesmente achasse em si mesmo, a ponto de quando exercer para si estar exercendo pelo outro também, aí haveria progresso. Há de se exercitar o próprio amor, o amor próprio. E assim, nesse amar a si mesmo, será possivel exercitar o verdadeiro amor ao próximo: o amor a todos os seres.
Enquanto tivermos preferências, vamos estar atendendo aos nossos gostos e caprichos, orgulhos e vaidades. O autêntico amor há de abarcar todos, de qualquer espécie e gênero. O sol não diferencia mangueiras de coqueiros, cajueiros de mangabeiras: envia sua luz igualmente para todos.
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