@palivre

domingo, 17 de maio de 2009

assim como se nada #10


ENQUANTO O SILÊNCIO NÃO CHEGA
(OU: VINTE E OITO BARBAS)

imagem de autor desconhecido



As coisas andam como sempre por aqui. Aquela mudança na superfície, mas o solo continua o mesmo. Digamos que estou tentando inaugurar uma nova era na minha vida, já que acabo de adentrar a casa dos 28, nesse calendário vigente. Como 28 é bastante representativo numericamente, pra mim, quando observo a realidade de uma ótica astrológica, creio que faça todo sentido tudo que venho vivendo e vem acontecendo.

28 do ciclo lunar, do menstrual, e de alguns outros ciclos. Dizem na astrologia grega que o ascendente começa a ganhar corpo e se manifestar mais intensa e fluentemente nos arredores dessa idade. A astrologia maia, por exemplo, divide os anos em 13 meses de 28 dias, formando um calendário mais regular, conectado e pertinente. Sobre os 365 dias, eles também têm. Para isso existe um dia extra, fora dos meses do calendário, que funciona como uma pausa entre os anos, chamado dia fora do tempo.

Mas há controvérsias, como era de se esperar. Alguns dizem que esse papo de ascendência do ascendente no intermédio dos 28 não tem nada a ver e tal influência existe irrestritivamente desde sempre. Outros falam que a astrologia grega vai perder lugar e a maia vai começar naturalmente a se instituir definitivamente como a vigente a partir de dezembro de 2012. Eu, honestamente, acredito em ambos, concordo com os dois. Devo admitir e repetir: todos têm razão.

Mas a mudança é maior. Parece que cada vez mais estou fora das agências de propaganda. Como se fazer anúncios fosse passado. Não que eu não faça mais meus freelas, eu faço. Eu trabalho com as agências, elas pagam bem, gostam do que faço, realizamos ótimas parcerias. Mas tudo à distância. Nunca dentro dos regimentos dela. Porque cada vez mais estou fora. Fora de horários formatados. Fora de roupa de publicitário. Fora de dias e dias sentado numa cadeira em frente a um computador dentro duma sala com ar condicionado.

Não que eu não possa ser robô. Ou que não possa respirar quando necessário o ar poluído de um ambiente viciado. Como eu disse, se preciso eu vou. Também sento e crio aqueles textos para falar de alguém ou de alguma coisa. Não há nada de tão complicado em fazer isso. Às vezes é até fácil demais, mas à distância. Porque cada um de nós merece ser dono do próprio tempo. Do próprio nariz. Do ar que respira. No lugar de ser comandado, estar no comando. Ao invés de receber ordens, dialogar. Estar no lugar certo, instituir o próprio decreto: é isso que significa andar com os próprios pés.

Voltando às mudanças, são muito mais de 28. Mas não vou perder tempo relatando elas aqui. Até porque não sei definir bem como essas mudanças se fazem presentes. O que posso afirmar é que cada vez estou menos preso a este lugar. Estou me preparando para explorar mais o mundo. Preparação financeira antes de tudo. Dinheiro é importante, mas vontade é mais. E depois, horizontes, espaços sem fim de imensidão absoluta. A exploração ininterrupta dos reinos invisíveis. Jornadas incríveis em direção ao vazio.

Comecei com o Brasil e a América do Sul. E pretendo continuar pela região. Há muito chão a conhecer pela minha vizinhança. É por aqui que vou chegar ao lugar onde o silêncio reina. A busca pelas lacunas nas entrelinhas do continente sulamericano. A necessidade irremediável de se aproximar do óbvio. De se aprofundar no novo para ressurgir no velho. Exatamente como deve estar escrito no evangelho.

Na realidade, se for pra falar bem a fundo do caso, eu diria que estou em um processo de entrega. Entrega sem destinatário e sem remetente. A entrega mais desregrada que eu conheço. Não é uma questão de apreço por um comportamento tão destoante, mas antes de sintonia perfeita com sua representatividade dentro da plataforma experimental. Experiência tal que denominamos existência. Nada mal encontrar um caminho de luz no meio de tanta escuridão.

Sinto que tenho que aprender muita coisa. E desaprender com certeza. A natureza é o objetivo maior. A firmeza da conduta determinada pelos movimentos flexíveis do destino. O vento aponta para a sorte. Meu norte está no sul. Eu me dedico a cada um desses aprendizados de um jeito bastante pessoal. E realmente distante do modo de vida predominante. Exatamente o que eu quero e busco. Até o brusco faz parte disso. Isso que parece cada vez ficar mais claro. Mesmo que envolvido por um ar de confusão.

Por outro lado eu cultivo o interesse pela linguagem. Corporifico uma vontade incessante de comunicar. Com palavras, antes de tudo. Não fico mudo um instante, exceto meditando. Eu ando sim com essas idéias de meditação. Um pouco de ação ao contrário faz bem pro lado do avesso. O lado inverso anda carente de vazio. Anda doente de preenchimento. Por isso confesso que não demorarei tanto. Adianto transparentemente meus planos, como quem avisa ao universo que nada pode impedir mais um dia de nascer.

Estou observando esses cenários que crio. Vendo quais são relevantes e quais não. Como a história dos 28. Nada além de um símbolo, um signo. O importante é pra onde o link aponta. Qualquer internético sabe disso. Então olho a mudança e me aproximo dela. Mas quanto mais próximo chego, mais ela se distancia. É como comer uma melancia que nunca pára de crescer. E que quanto mais você come, mais fome dá. Pra você ver como o vazio pode alimentar.

E pra completar: tudo não passa de uma tentativa de dialogar com a vida.


2 comentários:

  1. Aos 28 anos inicia-se o processo para o retorno de Saturno. Aos 29, ele chega de vez. Para uns, arrebentando com tudo. Para outros, arrebatando tudo. Mas, como sempre, só tu vai saber o significado de todas essas mudanças...

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  2. Olá Tiago,
    O chamado interior para mudar chega para todos. Para uns aos 28, para outros em qualquer estação, mas nem todos percebem os sinais, o apelo da alma. Todavia, para aqueles que sentem o momento da metamorfose é como se estivessem em meio a uma tempestade, eu chamo “tempestade da alma”, vai se acostumando porque se você sentiu o chamado agora, obviamente, notará inúmeras vezes durante a sua jornada terrena. E de chamado em chamado vamos aprendendo e crescendo...
    Beijos na Alma,

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