@palivre

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

fala que eu te escuto #1


TEMA: TRABALHO E SUBMISSÃO

participante // Por que toda vez que o cara chega no trabalho se sente um pouco doente?"

facilitador // Porque os ambientes de trabalho são projetados para nivelar as pessoas por baixo, amputar suas diferenças, ignorar suas necessidades e aspirações, bem como uniformizar seus ideais e idéias. Tudo em benefício de uma suposta produtividade, que ironicamente pouco leva em consideração as pessoas responsáveis por ela.

prtcpnt // E por que todo chefe tem um funcionário que manda nos outros?

fcltdr // "Alguém tem que fazer o trabalho sujo", responderia um dos subalternos de Don Corleone. Não é fácil pra ninguém dar ordens descabidas, amendrontar os funcionários, cobrá-los desnecessariamente, encher seus respectivos sacos e submetê-los às mais diversas injustiças, imposições, normas e padrões de conduta.

É por isso que quem está no poder elege alguém para fazer as tarefas negativas, para não sujar a própria imagem perante os funcionários e sair limpo dessa história, como alguém que na pior das hipóteses garante o meio de vida do empregado.

prtcpnt // De que forma posso agir para mudar esse quadro crítico?

fcltdr // Dentro de tanta hostilidade e desconsideração com a pessoa que somos (levando-se em consideração aí o valor, a singularidade, a representatividade do cargo de cada um), nos resta mobilizar nossos colegas de profissão, bem como todos os outros assalariados, a se movimentar e tomar atitudes isoladas, independentes, revoluções moleculares, afim de cooptar através do contágio novas personas dispostas a fazer um mundo melhor. Ou seja, vamos utilizar as estruturas corporativas para injetarmos nosso mais doce veneno e minar aos poucos toda esse esquema violento que suga nosso bem mais precioso: a energia.

Precisamos botar ao chão essa estrutura de hierarquização, de trabalho excessivo e escravo, de desnecessidades e irrealismos além da conta, e de toda essa mentalidade mecanicista que prega a necessidade de nos aperfeiçoarmos constante e desnecessariamente, árdua e incessamente, como se fôssemos ou pudéssemos ser máquinas, e o pior, máquinas que rendem cada vez mais, que dão cada vez mais lucros e nunca, nunca, podem nem devem dar defeito: um raciocínio tido como lógico porém ilógico na prática, que sem dúvida alguma não deveria ter durado muito mais do que Descartes durou na Terra.

Lembre-se sempre: competência não é subserviência. Que essa revolta continue e façamos parte dela. Afinal, a vida é uma tela onde você escolhe entre ser personagem ou paisagem.


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