@palivre

sábado, 16 de março de 2013

divagando por aí #19


A SÍNDROME DO "CONCORDO" E "DISCORDO"
imagem de bora başkan


















Existe um fenômeno bastante interessante acontecendo não só nos meios internéticos mas também junto à opinião pública em geral: é a síndrome do "concordo" e "discordo". Ela não é nova, já ocorre há muitas eras, apenas tem se mostrado com mais força ultimamente, com a popularização dos meios de comunicação e a criação da necessidade de todo mundo ter uma opinião sobre tudo - mesmo que nada se saiba do assunto em questão. E o principal sintoma dessa síndrome é sempre se posicionar a favor ou contra qualquer coisa.

Uns dizem que é para o bem, que visa o progresso. Outros têm certeza de que nada vale. Mas, independente da opinião de cada um, afinal essa muda tantas vezes durante a vida, será que realmente existe algo a ser combatido que não seja nós mesmos? Que não seja nossa própria opinião? Que não seja essa falsa noção de que há algo a ser combatido?

Todo mundo tem um partido. Ou um time, uma religião. Todo mundo quer estar de um lado. E assim, consequentemente, se opõe a outro. Um outro lado é criado a cada oposição. Isso é fragmentação. É se perder no labirinto da dualidade. É levar a sério demais o que pensa, a ponto de refutar qualquer pensamento que ameace a veracidade do próprio. É defender-se de qualquer opinião contrária para proteger a própria opinião.

Mas se a própria opinião é algo de que se está realmente convencido, por que argumentar tanto para contra-atacar aquilo que se discorda? É como estar numa guerra, armado até os dentes e pronto pra atacar a qualquer gesto de discordância. É a miserável guerra dos egos. Onde todos pensam que vão morrer se aceitarem outra opinião, e fazem tudo que podem para vencer uma discussão.

Isso soa mais como medo ou apego do que inteligência ou razão. Como uma nação desunida pode progredir? Como pode trabalhar pelo progresso coletivo quando está amarrada em questões tão pessoais? Como pode desejar mais oportunidades de crescimento social quando está sendo agente da separatividade, dispersando quaisquer possibilidades de mobilização conjunta?

Nessa síndrome do "concordo" e "discordo" fica difícil chegar a um acordo, a um entendimento entre ambas as partes. E as poucas iniciativas que resistem, seguem como podem, mas sempre ameaçadas pela presença da discórdia, agente da desunião, que coloca por água abaixo os esforços feitos em nome da união. A qual é essencial para um desenvolvimento justo e equilibrado.

Deixemos de lado o fermento da discórdia. O pão preparado com o fermento estragado mais cedo ou mais tarde serve de alimento para quem o preparou. Mas quem será que está atento para não alimentar ainda mais a própria indigestão?

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