@palivre

terça-feira, 14 de setembro de 2010

divagando por aí #16


A MÚSICA QUE ESTAMOS TOCANDO
imagem de autor desconhecido



De frente pro espelho, avaliando a roupa, o espírito fala: “Existe algo mais.” O olho se volta e deita na cama, onde repousam duas camisas. Uma branca e lisa, outra rosa e listrada. Ambas de etiqueta preta. Nas etiquetas o números das duas é o mesmo: dois. O velho, representativo e sugestivo dois.

A marca estampada nas duas camisas também é a mesma: Admission. Em português: admissão. Corro ao dicionário, depois de correr por essas linhas. Vejamos o que diz: aceitação, aprovação, acolhimento.

Admitir, tolerar, aceitar ou reconhecer o bom, verdadeiro ou legítimo. Extremamente subjetivo, não? Mas apesar de tantas palavras, o grande objetivo ainda é o mesmo: permitir que as coisas aconteçam independentemente de você. Pois é assim que elas acontecem, sim ou sim. Tudo acontece independentemente de você. Assim como você acontece independentemente de tudo.

Isso não significa que você não dependa de nada e de ninguém, significa apenas que é independente. Alguém que é independente não depende dos outros para tomar as próprias decisões, tem conhecimento, liberdade e sabedoria para descobrir em si mesmo as formas certas de agir. Ser independente quer dizer aceitar as consequências das próprias escolhas, inclusive os erros, ou, em outras palavras, admitir o mundo que está criando.

Mas a independência é apenas uma face da realidade. A outra é tão importante quanto: interdependência. Interdependência é a essência do relacionamento, é a interação dos organismos em ação.

Se ser independente é aceitar a si mesmo, ser interdependente é admitir a dependência que todas as partes têm umas da outras enquanto partes independentes. É dentro da interdependência que se manifesta com toda evidência a interligação inerente a todos os seres. Interdependência é o que nos une, é o que há entre eu e você, entre você e todas as coisas que não costuma ver como parte do seu ser.

Com esses dados em mãos, o que chamávamos de jogo se transforma numa oportunidade única de subverter a ordem do tempo. Seria como aprender a dançar a música que estamos tocando.

Cada um de nós é um instrumento musical diferente e emite um som particular. Cada um tem uma audição singular e uma interpretação independente. O nome da música é interdependência.

Qualquer momento é ponto e chave para perceber e receber novos olhares.


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