@palivre

domingo, 22 de agosto de 2010

divagando por aí #15


UMA FORMA DE ORDENAR NOVAMENTE
imagem de autor desconhecido



Correto admitir que a verdade não tem dono. Pois cada um cria o seu mundo com as cores que tem. Mas independente de propriedade, conceito-senso que já vem perdendo suas forças e sucumbindo à renovação, ganhando abrangência e incorporando deslimites, a verdade é uma só. Há muitos que preferem discordar. Concordo que cada um tenha o direito de ter uma opinião.

Exercendo esse direito, posso afirmar que poucos são os dispostos a ver, a perceber a simplicidade das coisas. Estamos limitados à fragilidade dos conceitos, a pequeneza das idéias, o campo cercado das crenças humanas. Estamos envoltos de fugas e subterfúgios, desvios e labirintos. A concentração e a atenção são facilmente deixadas de lado.

Muitos são os que pensam que devemos chegar a algum lugar, poucos são os que reconhecem que já chegamos. Imaginamos algo a ser buscado, conquistado, quando já possuímos tudo. Aos poucos aprendemos, pouco a pouco entendemos, e poucos são os que reconhecem que o pouco é muito. Menos ainda os que aceitam que já temos tudo, pois tudo é uma coisa que faz parte de nós.

Mentes analistas, calculistas, logicamente maquínicas são aptas para tirar pedras dos sapatos. Quando elas começam a colocar, é sinal de que estão fora de controle. Manter o controle é fundamental. Porém aceitar a impossibilidade de obter o total controle das coisas também é. Equanimidade é a palavra de ordem. Desordenar talvez seja uma forma de ordenar novamente.

Observar a mente criando necessidades, evitando encontros, arquitetando fugas. Não que isso seja algo a ser feito, mas sem dúvida é algo que gradualmente é, conforme a mente se livra de velhos padrões. Os efeitos da meditação podem ser desestabilizadores para quem pensa estar embasado demais, mas que continua esquecendo de levar em consideração as bases da vida.

O inaugurar de eras parece inacessível num mundo de tantas identificações, porém não é. É plenamente acessível a todos os que compreenderam a vida como o que agora é. Sem pôr nem tirar, subtrair ou adicionar, a matemática pura da física real na geografia química de uma realidade multidisciplinar.

“O que estamos fazendo?” é a pergunta de um curioso. A curiosidade não entende as respostas para perguntas desse tipo. Tudo que ela encontra é o limite de si mesma. Até permitir que as ilusões se desfaçam, e aceitar a simplicidade de sentido do que estamos fazendo, vamos carregar o peso de nos deparar com reflexos mal-refletidos de nós mesmos.

Transparência é a chave. O reino dos espelhos é obra do universo de luz. Clareza e nitidez no propósito, para refletir a vida em sua imagem e semelhança. Uma dança cósmica sem destino combinado. Um passeio determinado pela harmonia da música.


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