@palivre

sábado, 10 de abril de 2010

divagando por aí #11


O COMEÇO DO DESPERTAR
imagem de kiyoshi awazu



Não se trata meramente de mudar, mas de ser a mudança. A mudança incorporada ao ser onde o mudar não diga nada, apenas seja um símbolo da manifestação fenomênica da eternidade. Ser a mudança, ser o temporário, o impermanente, os ciclos, para assim chegar a ser algo mais. Que não se trata de chegar em algo em si mesmo, mas de ser o tal algo.

As mudanças são e serão feitas sempre, por bem ou por mal, de acordo com o movimento dos fatos. Há mais do que relatividades em jogo. Mas em se tratando de mudanças, já é o tal tempo, já somos o tal algo. Mudar é apenas parte deste processo. Quando algo ou alguém ou você mesmo diz “mude”, já é algo que está acontecendo por si só. Sem tratarmos de imaginar o que nos leva a dizer “mude”, mas aceitando o impulso da mudança como natureza do processo. É como chegar em um bom lugar e reconhecer que chegou. Ou partir para um lugar melhor quando assim for de ser.

E tudo na santa devida tranquilidade. Permitindo que o agitar desse mar seja cada vez mais calmo, com menos turbulências, afinal estamos tratando de superfícies, onde essas instabilidades costumam bastante vir à tona. Aprofundar no mar até o que os olhos não possam mais ver o que chamam de luz. E então descobrir a vida que vibra além das superfícies. Que vibra em notas tão tênues que não incomodam a calmaria do mar.

Onde se esconde o imutável, fonte de todos os conceitos? Deixando claro que existe existência para além da relatividade, e que trabalhar com o absoluto é possível, e mais, é aí que as possibilidades se efetivam. Temos um grande cenário posto à frente. Podemos ter o cenário que queremos. Se a questão “Estamos no mundo que queremos viver?” não pode ser respondida, não tem problema nenhum. Independente disso estamos no mundo, e temos que conviver agora e aqui com o que o mundo é. Apesar de sabermos sempre que estar no mundo sem ser do mundo é uma das chaves.

Admitamos aí nossa condição, situação, plano, realidade. Vejamos a bela trama ilusória em que estamos enredados. Não à toa, mas para compreender outros níveis. Abre-se uma nova rede de comunicação, um sinal estável, pontos se interligam em velocidade e tempo real. Nada disso existe de fato enquanto coisas em si mesmas. Elas surgem como realidades dinâmicas e passageiras, para suprir as necessidades daquele padrão de aprendizado. Até o indivíduo aprender de que se trata o grande sonho concebido como realidade. E acorde para amar.

Mas isso é tão natural, dentro do que chamamos de natureza, que não deveríamos enquadrá-lo como sendo algo. Devemos entendê-lo, assimilá-lo espontaneamente, aos poucos, e de preferência de acordo com a própria demanda. Tendo claro pra si que o jogo está colocado pelos jogadores. Não é deixando de jogar, mas transcendendo o jogo. O encantamento do sonho é o começo do despertar. É o tomar consciência do sonho e sonhar com habilidade. Até que se possa acordar um dia, e ver que tanto sonhou, mas que tudo já estava aqui.

Não adianta procurar fora, se você não aceita reconhecer dentro. Transcender o tempo é alcançar o agora, sem hora, para além dos ponteiros. O tempo natural, onde a sintonia e a conexão acontecem. O tempo absoluto, onde todo o tempo é um só, e possibilita todos os tempos.


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