@palivre

sábado, 14 de novembro de 2009

musinematura #7


GENERAL JUNKIE : GENERAL JUNKIE



Uma volta a pé pelas ruas vazias de uma noite na Ribeira, acompanhado das estrelas e de um mp3 player. A imagem não é necessariamente uma regra de como se deve escutar este disco, até porque formas existem várias. A idéia é apenas o começo de um clipe que nunca foi inventado, mas que poderia cair bem em alguma das faixas deste trabalho.

Digamos que são trinta e oito minutos e trinta e quatro segundos do mais puro e genuíno rock potiguar. O nome da coisa? General Junkie. O disco foi lançado em 2001, mas se for relançado em 2011 vai continuar sendo atual.

“General Junkie mete bronca. E não sabe quem vai pagar a conta.” A primeira faixa é um aviso. A bronca é um alerta para todos. A conta vai ser dividida por todo mundo. Consumo, lixo, segurança pública, realidade social, era digital, ecologia. Uma síntese dos dilemas contemporâneos de uma sociedade fabricada em série numa era onde os meios de comunicação de massa e as grandes corporações ditam toda e qualquer tendência.

O powertrio, como costumam chamar essas formações em trinca rocktrônica, é composto por Paulo Souto, Marcelo Costa e Gustavo Lamartine. E a questão é mais simples do que parece. Porque, na ótica do General Junkie, tudo isso que é supostamente descartável e que geralmente é desperdiçado pode virar música. Estamos em tempos de reciclagem.

Em Sinfonia Celular, faixa sete do disco, a banda traça um panorama da nossa realidade telefônica futura. “Vão ligar pra te encontrar. Te encontrar pra perguntar. Perguntar em que lugar você está.” Como uma profecia, a banda emite suas freqüências sonoras para além do lá em que o telefone é afinado. É, aquele som de linha telefônica liberada é um lá. Lá maior, a propósito.

Em Refloresta e Fiscal da Natureza, faixas onze e treze respectivamente, a banda fala das questão ecológicas, denuncia a exploração ambiental e afirma sua intenção: “General Junkie, fiscal da natureza, varrendo o sistema, fazendo a limpeza.”

General Junkie, banda e disco, cumpre seu papel de cidadão no mundo da música e costura todas as espécies de temas atuais em um tecido admirável. Tecido que levantado ao vento soa como a bandeira de um tempo onde a liberdade de expressão atingiu seu mais alto lugar. A bandeira tremula no céu como as guitarras distorcem na terra. É dia de rock.

A música do General é produto de experiências práticas pelas ruas de Natal. É resultado dos dia-a-dias dos caras da banda, do cotidiano da cidade, das realidades de quem percorreu a cena noturna e musical da cidade por curiosidade e diversão.

General Junkie é um disco único na história do rock potiguar. Veio pra ficar e daqui não sai. Tanto que é disputadíssimo pelos colecionadores e amantes do rock nordestino. Não está mais nas prateleiras das lojas e nem a venda na internet. Se você tiver sorte, vai acabar encontrando um amigo que tem. Difícil é convencê-lo a emprestar.


// General Junkie / em mp3 para download


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