@palivre

sábado, 8 de agosto de 2009

assim como se nada #13


CERTEZA
imagem de autor desconhecido



Cada vez o yoga está mais presente. Exposto na naturalidade de movimentos espontâneos. Soltos, epidérmicos e subcutâneos, em total certeza. Na tez certa de uma pele unida, interligada por um corpo consciente do que é. Por que não dobrar os braços até o seu limite? E permanecer lá junto com a respiração, completamente esquecido do que é tempo?

Pode ser que existam muitos métodos e escolas, mas pouco sei de uma tão fabulosa e instrutiva quanto essa simples e misteriosa escola da vida. Basta estar livre para aprender, desimpedido. As lições são dadas a todo instante. Estamos com os ouvidos internos abertos?

Abrir os externos é um bom começo. E as lições continuam vindo. Pode ser no chão ou em pé. Sentado, deitado ou de ponta-cabeça. Quem se importa com movimentos tão livres!

Ontem na volta da praia um gramado de um extenso canteiro que divide duas pistas (na Roberto Freire, pouco depois da rótula que vai pra Via Costeira, sentido minha casa) serviu de tapete para eu tentar um pouco mais do tal escorpião, que me fascinou desde que se mostrou em pessoa pra mim.

A experiência foi muito boa. O brincar em total liberdade. Um parar vez em quando, para descansar quando o movimento dos carros aumentava e a fila acumulava. Nesses momentos eu era uma atração mais interessante do que esperar o semáforo abrir.

É muito bom perceber que estamos em casa. Que podemos brincar, ser, e estamos livres. Que temos a vida como uma grande escola. Que somos livres inclusive para estarmos dispostos. Dispostos, cheios de vontade de aprender. Aprender humildade, simplicidade, companheirismo. Aprender harmonia, união, paz, amor.

Então num simples tapete verde, estendido em completa natureza, eu podia fazer o que queria. Inclusive não fazer. E como era bom se revezar: entre fazer e não fazer. Como era bom respirar. E ainda continua sendo.

A certeza, o yoga, o amor. Cada palavra pode querer dizer uma coisa, mas quando todas elas estão em função de um todo, o que vale é o que a unidade diz.

Qual é o nosso propósito? Ter isso cada vez mais claro, porque em cada ação é isso que vamos transmitir. Ou vamos transmitir o nosso propósito ou o esquecimento dele. Ou vamos expressar quem somos ou a sombra de nossas ilusões.

O yoga não permite escolha. A certeza muito menos. Quando se está fora do yoga, se pode escolher: "que tal yoga?”, “que tal não?" Mas quando se está no yoga, sem separatividades, sem noções limitadoras de dentro ou fora, aí não é mais possível escolha. Não há mais o que escolher. Como discutir com o que já está definido?

Quando surgir algo que antes podia ser visto como escolha, já não será escolha, já não poderá ser visto.

O yoga, a certeza, o amor: um objetivo mais nítido. Olhando pequeno, sem ver o caminho, pode até parecer que existem escolhas. Mas é como se nos fixássemos nas palavras quando há um texto inteiro a ser lido.

Não é porque fechamos a página agora e decidimos parar de ler que a história acabou. O verdadeiro livro nunca pode ser fechado. Se ele vai ser lido ou não, depende apenas de nós.

E se decidimos ler, não é por uma questão escolha. É justamente o contrário: vamos ler porque não temos escolha alguma.


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