@palivre

sábado, 4 de julho de 2009

divagando por aí #8


HOSPITAL AO CONTRÁRIO
imagens de autor desconhecido



Um simples aprofundar no corpo e na mente coloca a pessoa distante desse mundo de problemas. O aprofundar no corpo aperfeiçoa a mente e o aprofundar na mente apresenta o espírito. Conhecer o que anima o espaço sagrado entre você e o ar que respira, entre o silêncio e o som. Silenciar a mente, mentalizar o ar, respirar o espaço e aperfeiçoar.

Todo homem devem aprender a conhecer e lidar com a própria loucura. Talvez negar a loucura esteja mais pra doença do que pra cura. Porque o caótico é evidente e se manifesta em desordem no mundo. O mundo tem sua ordem desordenada. A loucura é estar mais na desordem do que na ordem, e vice-versa. E a harmonia do mundo, onde está?

Quer prova maior de insanidade do que se considerar incapaz de desenvolver os próprios processos de cura? Mas assim como a loucura, a cura também tem seus significados deturpados pelos mal-usos do termo. Quando vamos popularizar um hospital ao contrário? Um lugar onde a pessoa vai enquanto ainda está saudável, para rir, conversar, chorar ou simplesmente observar, e também aprender como manter a saúde e realizar a auto-cura. Posso participar ativamente colaborando nos círculos de multiálogos sobre temas como “Existe vida antes da morte”.

Talvez “Remédio só em último caso” também seja uma conversa interessante. Como divulgação de uma cultura preventiva, direcionada para o cuidado do corpo e da mente, o exercício físico, o silêncio mental, a observação, a atenção, a concentração e o autoconhecimento. Exige um certo envolvimento com si mesmo, e um pouco de boa vontade. Mas basta olhar como olhamos o mundo para percebermos a necessidade de se fazer isso.

Por que no lugar dos postos de saúde pública não criamos postos de saúde universal, onde as pessoas sejam tratadas globalmente, transdiciplinarmente, corpo, mente e alma? ”Qual é o espírito da coisa?”, “Para onde aponta o horizonte”, “É assim que as coisas são”, “Se tem que acontecer, acontece”, e outras conversas.

Parando alguns minutos para observar o corpo já é possível observar a mente. Observando a mente vemos a forma das formas do corpo, e as formulações que dão forma a própria mente. Aprofundando a observação, e observando o observador da mente, vemos que a mente é observada pelo ser.

A mente é um reflexo da observação que o ser faz de si mesmo. O ser observa a mente, assim como observa a si mesmo. Sabendo que o observador e o observado são uma só e única coisa. Um ser autoconsciente é um ser com capacidade de se autoobservar. Quando a observação pára alguns minutos, a mente silencia, o corpo descansa e vemos com mais clareza o entrelaçamento entre a mente e o corpo.

“Mas o que dá origem e sustenta o corpo, a mente e a observação?” O corpo não se sustenta por si só, ele é sustentado pela vida que circula por ele em forma de alimento, luz, água, ar e movimento. A mente sustenta a observação, mas a observação não é sustentada pela mente, assim como a mente também não se sustenta por si mesma. A mente é um atributo de que nada vale se não houver um ser capaz de utilizar.

“Então quem utiliza a mente: o corpo?” Ambos se utilizam. Digamos que a mente se desenvolve no corpo como a inteligência da vida. Então a mente utiliza o corpo em benefício de si mesma, de sua própria inteligência, seguindo as instruções do próprio corpo, que é o seu criador. O corpo cria a mente que recria o corpo.

“Mas se o corpo cria a mente, quem cria o corpo?” O corpo cria a mente com perfeição. A mente recria perfeitamente o corpo, reproduz identicamente a natureza, mas não cria nada de original. A mente não é criativa. O corpo é criativo, mas tem suas limitações. O corpo cria somente através do seu corpo e de sua mente, portanto é criação limitada.

“Quem cria o corpo?”, nós perguntamos. Digamos que o corpo é recriado pelo próprio corpo, mas quem faz o corpo recriar é o que chamamos de alma. Digamos que alma é um bom nome para a energia de vida que anima nossos corpos enquanto nossos corpos são recipientes úteis para vida fazer uso.

A alma é o começo daquilo que chamamos de ser, uma conexão criada entre a origem da vida e o corpo. Digamos que ela é criativa, porque ordena bem os acontecimentos e fatos, mas que também não é a grande criadora. A alma obviamente está a serviço de algo maior.

“Quem cria a alma e a quem ela obedece? A vida cria a alma como forma de animar o corpo eternamente. A alma é a presença de vida no corpo, assim representa e obedece a sua fonte, a própria vida. Se há alguma consciência, ela começa a ser encontrada na alma. Conforme a alma é assumida e reconhecida pelo corpo, como manifestação da vida, começa a se manifestar a consciência. A consciência que une o observador ao observado, que faz do ser a própria observação. Conforme a alma se aprofunda na vida, a consciência se expande no corpo.

A vida em si é autoconsciente, e inspira e expira almas espontânea e propositalmente, no mais simples e singelo gesto divino de respirar. A vida é criação divina, filha do grande criador, mãe da grande criatura. A vida é a grande respiração. Quem respira é o absoluto indescritível inominável. Nós estamos sendo respirados por aquilo que nós mesmos somos, pois somos aquilo que nos faz respirar. O milagre é como um fôlego, um suspiro ou um sopro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário


Creative Commons License