DEMIAN : HERMAN HESSE
Vez em quando surge um livro que vira de cabeça pra baixo nossa vida. Depois de ler uma obra assim, a nossa forma de ver o mundo muda por completo. E as coisas, inevitavelmente, deixam de ser as mesmas. Não precisa nem ser um best-seller, basta ser um livro oportuno. Oportuno é aquele tipo de livro que cabe exatamente em nosso agora, que conta detalhadamente a história de nossa própria vida.
“A ave sai do ovo. O ovo é o mundo. Quem quiser nascer tem que destruir um mundo. A ave voa para Deus. E o deus se chama Abraxas.” Esse trecho é a metáfora base que resume e exemplifica a idéia do livro Demian, do escritor alemão Herman Hesse.
Em Demian, conhecemos a história de um rapaz chamado Sinclair, que vive atormentado pela falta de respostas às perguntas que faz sobre a existência. Ele questiona o bem e o mal, reflete sobre as convenções sociais e levanta discussões sobre o mundo ideal e real. Tudo sob um cenário conservador de uma época envolta de ordens, regras e tradicionalismos. Mas envolvido numa aura de descobertas e experiências fascinantes.
Antes da história começar, um trecho em destaque: “Queria apenas tentar viver aquilo que brotava espontaneamente de mim. Por que isso me era tão difícil?” Hesse provavelmente se refere à naturalidade. Mas expressar a natureza com naturalidade não é desafio apenas dele, a humanidade se debruça sobre o mesmo dilema há muito tempo, conscientemente ou não.
E por falar em natureza, essa é uma das temáticas básicas que alimenta as discussões levantadas no decorrer de Demian. Para ilustrar, cai bem mais uma parte: “Não creio ser um homem que saiba. Tenho sido sempre um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e os livros: começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura em mim.”
O livro fala por si só. Fica difícil lê-lo apenas uma vez. Ele tem tudo pra se tornar uma espécie de livro de consultas. É um daqueles títulos que é bom ter por perto, à disposição, para ler um trecho perdido no meio da história e sentar pra refletir. Herman Hesse não poupa nem um pouco de si mesmo para escrever Demian. O livro é como um retrato muito bem elaborado da fase que ele viveu da sua infância até a juventude.
Mais que um livro, Demian é o registro do homem restabelecendo contato com a divindade interior, com o eu mais profundo. As páginas da história estão cobertas de ensinamentos e mensagens que atestam a intenção do autor de espiritualizar o leitor. “Hoje sei muito bem que nada na vida repugna tanto ao homem do que seguir pelo caminho o conduz a si mesmo.”
Ler Hesse é pra poucos. E esses poucos que lêem, no meio de tantas dúvidas que possam ter sobre a verdade e a existência, podem contar com uma certeza: são privilegiados. Herman Hesse é aquele professor que não tivemos no colégio.
Pistorius ensina a Sinclair o caminho para Abraxas
"Afirmaste certa vez - disse me um dia - que a música te agradava por ser totalmente destituída de moralidade. Estás certo. Mas o que importa é que também tu não sejas moralista. Não há por que te comparares com os demais, e se a natureza te criou para morcego, não deves aspirar a ser avestruz. Às vezes te consideras por demais esquisito e te reprovas por seguires caminhos diversos dos da maioria.

It's a great blog!
ResponderExcluirhave a wonderful day! ^^
caro,
ResponderExcluircheguei aqui pesquisando sobre hesse...
li sseu artigo e concrdo plemnamente: li hesse na juventude e justamente o primeiro que li foi
o demian e depois, todos os oujtros: narciso e goldmundo, diarta, o lobo da estepe, etc.
hesse, e no caso demina, mudou minha concepção de vida, lá pelos vinte anos...mudanaça radical.
abraços
Danilo- Brasilia- Brasil