@palivre

sábado, 4 de abril de 2009

divagando por aí #5


COM QUE TRABALHA O PASSARINHO?
imagem de autor desconhecido



Grande é o número de seres que vivem ao nosso redor. Para não dizer: abundante é a quantidade de seres que somos. Há aqueles que os olhos vêem, que são muitos, numerosos, mas contáveis. E outros, inúmeros, que, além de não verem, os olhos desconhecem. Entre os que os olhos vêem há aqueles que vivem perto de nós e os que vivem distante.

Os que vivem perto de nós são presentes, corriqueiros, estão dentro do nosso campo de visão e é fácil se encontrar com um deles. Os que vivem distante habitam os lugares onde as cidades não chegam e dificilmente podem ser vistos. Uns mais difíceis que outros.

Entre os que vivem perto de nós, há os que aceitamos e os que rejeitamos. Os que aceitamos podem viver entre nós, desde que apenas em determinados espaços das cidades, e alguns até compartilham do pequeno espaço que convencionamos chamar casa. Os que rejeitamos não queremos nem ver chegar perto, mesmo sabendo que sempre estarão por perto.

Entre os que aceitamos, há os que estão livres e os que estão presos. Livres são aqueles que podem ir e vir, estão fora de jaulas, muros ou gaiolas. Presos os que não podem entrar nem sair, mesmo que tratados como bichinhos de estimação. Obviamente o ir e vir é algo mais necessário no reino animal do que no vegetal.

E não podemos negar que autonomia e liberdade de ação são essenciais na manifestação de qualquer reino. Sabendo que toda suposta autonomia ou liberdade de qualquer ser está sempre condicionada a leis maiores e regida por forças superiores. Quanto ao mineral e aos outros reinos que não se configuram como vegetal e animal, deixemos temporariamente de lado para nos aproximarmos mais do contexto humano.

Qual é o trabalho de seres como lagartixas, sapos, borboletas e passarinhos? Quais são os deveres de uma árvore? Qual é o projeto de vida da flor do maracujá? Teria a natureza concedido férias eternas aos companheiros dos outros reinos e os livrado do mundo das preocupações? E então condenado apenas abelhas, formigas e afins, a trabalho incessante e forçado, sem retribuições? Que trabalho, que deveres, que projeto? Que férias, que preocupações, que retribuições?

O acumulado de conceitos e pensamentos na mente do homem o impede de compreender o real sentido das coisas. Como também de aceitar a ausência de sentido nas coisas. Cada coisa fixada no homem é uma corda que o prende e o identifica com algo que ele não é. O homem pensa que está trabalhando. Mas, enquanto o homem pensa, com que trabalha o passarinho?

Religião vem de religar, reconectar o homem com sua origem. Ecologia é o estudo da casa, e ensina que a casa é o mundo.


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