@palivre

terça-feira, 14 de abril de 2009

assim como se nada #9


NO CALOR FICAMOS NUS
imagem de michael wandelmaier



Aconteceu de novo. Não foi bem premeditado. Já sabia estar errado e mesmo assim permaneci. No erro. Dizem que é dele que se faz o acerto. Bem feito. Foi assim que tentei fazer. O prazer em segundo plano. Existem coisas mais importantes primeiro. Não estamos falando de dinheiro.

Falamos do mais sólido e gasoso, mais líquido e etérico. Tampouco o objetivo é mérito, que não passa de outra forma de conquista. A pista está escorregadia, embora eu saiba patinar. Aprendi há muito tempo, enquanto andava descalço. Nesses dias colecionava capas de caderno. Que seja eterno enquanto dure a letra da canção.

Um corrimão de escada. Duas mãos se intercalando. Duas bocas se calando. A solidão imensa. O conteúdo infinito. Ao som do grito que ninguém gritou. Observo aonde vou com a curiosidade de um olho. Com dois olhos penso ver profundidade.

Uma cidade que às vezes é quente. Mas não importa. Uma cidade que às vezes é fria. Abro a porta. Estamos bem abrigados. No calor ficamos nus. Capa, capuz e até luva nos dias de chuva. Uva, maracujá e melancia nos dias de sol. A colméia transbordando de abelhas. As velhas histórias de sempre.

As formigas transportando grama. A floresta em chamas esperando a água chegar. Se eu soubesse antes não estaria aqui. Sorri e juntei as mãos. Tudo que vi não passou de imagem. Mirando a miragem parece ser tão real. Não é isso que o final diz. Um pedaço de gesso serve de giz. Se alguém souber escrever.


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