@palivre

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

divagando por aí #3


O PRÓPRIO REFLEXO DA NATUREZA
imagem de autor desconhecido



Meu pai viu no jornal a reportagem onde apareço dando uma entrevista sobre a devastação que anda acontecendo por aqui. Esse lance de cortarem todas as árvores e colocarem concreto no lugar. Cimento, tijolo e concreto no lugar de árvores, plantas e flores. Ele falou para eu tomar cuidado, trabalhar junto de alguma ONG, não me expor tanto.

Parece que ficou preocupado com a possibilidade de eu me empolgar demais e fazer algumas loucuras pela causa. É provável que tenha se referido à suposta necessidade de estarmos por trás de um movimento que nos encabece. E que também nos oculte, proteja, conserve, mantenha fora do alcance dos que não compartilham da idéia. Por falar nisso, que ONG é essa que nós fazemos parte? Estou falando por falar. Sei que não fazemos parte de nenhuma ONG. Mas pensei, por que não?

Então uma amiga me lembrou que esse papo de ONG sempre vem acompanhado de burocracias, cargos, funções e uma série de corporativismos. Além de, em grande parte das vezes, as ONGs estarem mais preocupadas com a própria sobrevivência do que com a vida da causa a que se propuseram defender. O que me fez lembrar imediatamente, e por completo, porque não fazíamos parte de nenhuma ONG.

Por que ser uma ONG se eu posso ser um Ser? O Ser. É o que somos. Formamos um grande Ser. Somos dedos da mesma mão. Nosso dever é o mesmo: colaborar com a mão, para a mão colaborar com o corpo. E o corpo trabalhar em conjunto com todos os corpos, pelo grande Ser que todos os corpos são juntos.

Não fique triste com a humanidade, pois isso alimenta tudo que estamos vendo de feio. Fique feliz apesar de tudo, que é aí que nasce a beleza. O bom humor é renovador, é a cor desse quadro. A alegria é coisa da alma, tem que brotar de nós. Toda dor que vemos lá fora começa aqui dentro.

Sua tristeza não é da humanidade, é do dedo que ainda não compreende que faz parte da mão. É do ser que ainda não compreende o estágio em que estamos. Somos uma parte da natureza que ainda está aprendendo a trabalhar a favor dela. É como dissemos anteriormente: talvez seja apenas uma questão de educação.

Por isso, não nos deprimamos, mas sim ergamos a cabeça para elevar o humor e ensinar o caminho da positividade. Se você não aprender a amar a humanidade, não pode esperar que a humanidade aprenda a amar.

A tristeza vai passar. É só olhar as crianças, o sol, as árvores, o mar, o céu, as nuvens, o olhar das pessoas boas, a infantilidade das pessoas más. Porque no fundo tudo é tão bonito. Todo esse esgoto, essa devastação, essa exploração. Essa carnificina, essa miséria, essas guerras, essas epidemias. É tudo tão bonito.

Observe a natureza em seus múltiplos estágios de aprendizado. A forma humana é o próprio reflexo da natureza tomando consciência de si mesma. É importante que você tenha isso em mente: a forma humana é o próprio reflexo da natureza tomando consciência de si mesma. Por isso tanto poder, e tanto poder de devastação. Porque poder tamanho quando mal administrado e dirigido acaba prejudicando.

Há de se saber controlar bem esse veículo, pois ele é fonte inesgotável de poder. Ou melhor: a energia que o alimenta provém de uma fonte inesgotável de poder. Portanto, eis o poder que atravessa o corpo do homem e desemboca em cada um dos seus gestos e falares. Eis o papel da consciência.

Ter consciência de que seus irmãos menores estão destruindo as folhas do jardim. Vai gritar com eles, bater neles, castigar? Ou vai começar a compreender que um dia eles vão crescer? Ou vai começar a perceber que eles são simplesmente repetidores, reprodutores de comportamento? E que repetem e reproduzem inconscientemente. E que o comportamento repetido e reproduzido por eles nada mais é do que um reflexo dos exemplos que nós damos, com cada um de nossos pensamentos, palavras e atitudes.

Compreender que os erros acontecem por inconsciência. Afinal, são nossos irmãos menores. Ainda são crianças que precisam da ajuda do pai. Mas se elas tiverem medo do pai, como vão estar prontas para aprender? Há de se aprender a lidar com o medo. A conscientização vem para iluminar todos os espaços que o medo tem ocupado.

Só iluminando cada uma das nossas células, e eliminando o medo que as controla, vamos encontrar um caminho harmônico, onde vamos dar a mão para o irmão ignorante.
Se o irmão maior não ajuda o irmão menor, e o irmão menor tem medo do pai e não escuta mais a mãe, fica muito mais difícil. Então que sejamos o irmão maior, para quebrar essa corrente e apresentar um novo movimento, com mais cores, para toda essa família.

Por falar nisso, só o irmão maior é capaz de ser mãe e pai de verdade. Os outros pais e mães por aí, que não tem a capacidade de dar a mão para os irmãos menores, os filhos, não são pais nem mães, mas simplesmente irmãos menores como os outros.

Irmão maior, eis o convite: compreender a família, aceitar os erros e ensinar os acertos.


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