@palivre

terça-feira, 18 de novembro de 2008

divagando por aí #2


DIÁRIO DE UM ARTIVISTA
imagem de gabriel novaes



Utilizo as oportunidades que tenho na vida para extrair aprendizados, não para remoer erros. Percebo as coisas ao meu redor como poemas e fotografias, não como problemas sociais. Respiro o ar desse presente sabendo que vai render bons frutos. Estou me entregando ao ser. À arte. À arte de ser.

O ser é algo extremamente artístico. A arte, na minha opinião, é só um substantivo que representa a qualidade do ser dentro das esferas conscientemente expressivas. Conscientemente dentro dos âmbitos onde a expressão é encarada como a realidade.

Os artistas, aqueles que são artistas de verdade, que vivem aquela arte e são, estão manifestando a realidade do grande ser nas pequenas partes do que fazem. Pintando, escrevendo, musicando, filmando. Seja como for. Os verdadeiros artistas estão expressando o ser. O ser verdadeiro.

Claro que no meio de tudo isso tem aqueles que querem ser artistas. Mas isso não é tudo. Antes de serem artistas, eles precisam ser. Ser apenas. Ser. E talvez a maioria deles nem entenda o que isso possa ser. Eles olham e não entendem o que é ser e voltam ao querer ser artistas.

Mas nunca vão ser. Artistas não. Porque nenhum artista é sem ser. Primeiro o ser, depois o artista. É assim que é. Mas como sabemos bem, em linhas gerais, todos aqui são artistas. Todos são parte da mesma arte, revelam seus dotes e expressam seus contornos dentro da mesma obra.

Quando falo de artista de verdade, falo especificamente das células que agem voluntariamente no campo da arte expressiva chamada como tal. Os produtores de poemas, relatos, atos circenses, fotografias, acrobacias e todas as espécies de malabarismos expressivos. Artistas que já se admitem chamar de artistas. Que incorporam a essência da mensagem e dão voz e vazão ao espírito expressivo.

Dentro da realidade dessas células, a consciência de agente artístico, ou seja, a permissão da fluência do ser, existe mais facilmente. O que é um exemplo genuíno de retroalimentação. A vida onde fim e começo não existem. A existência onde a morte é nascimento. O movimento dos ciclos incessantes. A natureza múltipla do universo.

Tais artistas sabem que é das entrelinhas do ser que eles são que brota a idéia que eles expressam. A arte deles é a representação da matéria-prima que os compõe. E quanto mais eles são, melhor expressam. Porque a expressão é uma manifestação do ser.

Só expressa quem é.


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