(DÚ)VIDA
para viver é preciso duvidar
ter certeza da contradição
acreditar que nada é tudo
e que tudo nada significa
para afirmar deve-se negar
contestar o que for imposto
desobedecer o indiscutível
e a famigerada coerência
para acordar é preciso dormir
conhecer o prazer da preguiça
deitar na cama da incerteza
e sonhar com o inexistente
para perceber deve-se ignorar
examinar o valor do suposto
saber que o rosto é mentira
e que a verdade faz careta
para criar é preciso destruir
substituir o azar pela sorte
enxergar como surdo e mudo
e ser alguém além do porém
para duvidar deve-se viver
largar mão da convicção
meter os pés no avesso
e a cabeça no impossível
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