@palivre

segunda-feira, 7 de abril de 2008

conta outra #2


O QUE É PERMITIDO EM MACHU PICCHU?
(OU: AGUAS CALIENTES TIENE AGUAS CALIDAS)

imagem de autor desconhecido



Eu tenho uma caneta à mão para registrar os pensamentos, dar alguma forma ao que habita meus sentidos. Abro mão dos meus ouvidos, e aqui isso é possível. Numa ensalada de castellano peruano encharcada of an english bad-talked eu me encontro neste momento. Tudo bem que meus sentidos estão muito além dos meus ouvidos, mas é impossível deixar de escutar as famosas risadas japonesas ocupando cada canto deste lugar. Tal qual o som do trem, sempre obediente e presente, indicando a boa vontade que as máquinas daqui têm de trabalhar.

Quando finalmente me liberto dos ouvidos, vejo o mundo ao meu redor. Não fosse o conforto da minha companhia seria mais difícil desfrutar deste lugar. Então respondo a pergunta que viria: por que é tão difícil desfrutar deste lugar? Talvez porque este lugar está impregnado de leis injustas, de ordens descabidas, de controle ininterrupto, de uma atmosfera sufocante, como todo e qualquer lugar impregnado de homens.

A pergunta da vez, agora, aqui, é: o que é permitido em Machu Picchu? Talvez pagar guias com dólares, talvez take some pictures, talvez seguir em frente, sim ou sim, talvez comer algumas frutas correndo o risco de ser pego (porque aqui comer, acreditem, é proibido), talvez olhar para algum lugar bem distante. Talvez anotar algumas palavrinhas.

Quando voltei aos outros sentidos, eu percebi o incenso. Quanto ao tato e ao paladar, deixei ambos pro jantar. Como alguém já deve ter dito: a paz está longe dos homens.


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